Ode em Português
Oops. The rambling poem is back, this time - with Sandra's great help - in Portuguese. One of the many joys of living on a border is this constant waltz between languages (warning: a Spanish version might be posted before long, then there is always Galego.. oh and let's not forget my first language, Romanian)!
..much has been said about what's lost, not nearly enough about what's found, in translation..
Dedicada a: Bugui, Miriam, Paulo, Ruth, Cesar, Jorge, Ivan, Silvia, Juandra, Ruth, Dani, Noelia, Jamie, Sandra, Federico, Miriam, Cristina, Antonio, Donald, Eleanor, Tita, Elsa.
Um dia de Abril,
quando a ameixeira mais nova – pouco mais dum graveto com
um punhado de folhas
de um verde luminoso –
explode e esvanece por entre nuvens de flores ofegantes..
Dizes – Tenho uma ideia
Oh, as tuas ideias.
Cotovias, desvairadas pela luz do sol, seguindo a sua canção interminável,
Marionetes puxadas para cima pelos imortais, para brincar com a lua,
Flechas, de lasca e feroz, voando, à procura do fim das guerras...
Oh, as tuas ideias.
Dizes, -Tenho este plano.
E agora começo a preocupar-me.
Porque nunca se sabe quais pés de feijão
Cresceriam de tão estranhas sementes.
Porque o teu plano
arqueia tão alto,
arco-íris sob a Terra do Nunca
e quem
verdadeiramente conhece o caminho pr’ aquele local?
O teu plano recusa ver
a realidade das coisas,
e não considerará
o mundo à nossa volta,
esgotado e cínico.
Levantas as minhas palavras como pinos do bowling
e alinha-los contra a parede.
A gente estará ocupada.
Afinal é um fim-de-semana.
E todos nós estamos cansados.
Quase não nos conhecem.
Porque viriam?
Onde ficarão?
O que podem fazer?
O quê? Onde? Porquê?
QUEM?
Então apontas
e a bola está em jogo
o relógio está a tiquetaquear
É sexta da tarde.
Apanhas provisões
Cenouras e alfaces,
Caem tomates dentro da sombra do dia.
Um barril de azeitonas,
Um bote de mel,
Melões, maçãs, ameixas
Pão
Nozes, queijo,
Vinho tinto,
Um banquete grego à espera dos deuses.
Mas quem virá?
Preocupação e esperança em medidas iguais
Ocupam as minhas horas sem dormir
Pássaros fechados num celeiro obscuro.
A tarde de sexta confunde-se com a manhã de sábado
e aqui estão.
Mais de vinte. Atravessam um rio.
Uma fronteira. Quantas barreiras? Muitas...
E vêm.
Montam as tendas e apanham ferramentas,
Trabalham e trabalham: no jardim,
Nas ruínas do antigo alambique,
Na cozinha, na garagem junto ao rio.
Cavam e limpam e plantam
Arrancam ervas daninhas e arrastam ramos
misturam terra e cal viva
Reparam um muro
E constroem outro
Manejam pás e carregam pedras
E movem montanhas.
Direis (Eu sei, porque também eu o disse)
-Isto simplesmente não acontece hoje em dia.
Os vizinhos não virão ajudar.
Os amigos estarão ocupados.
A família? Longe demais.
E ninguém, ninguém, ninguém
Vai trabalhar de graça.
A partir de hoje, vou dizer
Estais enganados.
Enganados.
ENGANADOS.
Porque eu sei o que aconteceu
No fim de Abril,
na nossa terra, no nosso jardim.
Imagens brilhantes habitam as minhas horas sem sono
Pardais dardejando pelo céu.
Eu vi como moveram terra e pedregulhos
Músculos esforçando-se, suor escorrendo,
No punho de trabalho duro,
No primeiro abraço do verão
Como puseram de pé, ombro a ombro, para construir terraços
Plantar jardins, domar o granito
no fulgor invariável do sol,
na longa e lânguida maré das horas,
juntos,
E reinventaram o nosso mundo antes do anoitecer.
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